terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sexo e Amor

1. Que signifcado tem a palavra amor?
A palavra amor tem um significado polivalente, tao dificil de definir que já houve quem dissesse que amor é o que se sente quando se ama, e, se se pergunta o que se sente quando se ama, é possivel responder: amor.Este circulo vicioso deve-se precisamente a incapacidade de identificar as caracteristicas que determinam a sua essencia. E por isso que se tem escrito tanto acerca dele:0 amor é algo muito complexo e de conteudo variado e equívoco - afirma Gregorio Maranon -; chama-se amor a muitas coisas que sao muito diferentes, ainda que a raiz ultima seja a mesma".Amar é um verbo transitivo - diz o psiquiatra Enrique Rojas -: tem um objeto que vai alem de si mesmo, que aponta na diração do bem que procuramos - E o filosofo e matematico Leibnitz: "Amar quer dizer sentir-se inclinado a alegrar-se com a perfeicao e o bem do outro, com a sua felicidade"E, por fim, o conhecido pensador Hegel: "A verdadeira essencia do amor consiste em esquecer-se no outro"
2. Apesar da complexidade de que a palavra se reveste, nao se poderiam destacar alguns dos aspectos mais importantes?
Apesar dessa complexidade, podemos mencionar agumasl das acepcoes mais relevantes:1°. Genericamente, a palavra amor designa uma gama de relacoes lnterpessoais de afeto e proximidade os seres humanos. Fala-se do amor do pai e da mae pelo filho e vice-versa; do amor por um irmao, por um parente, por um amigo, etc.2°. Tambem se usa o termo em relacao a entidades coletivas ou comunidades, como a patria ou a Igreja.3°. De forma eminente, fala-se do amor a Deus e do amor de Deus.4°. A palavra adquire uma conotacao muito específica quando se designa a relacao de proximidade, afeição e ternura entre dois seres humanos de sexos diferentes, precisamente enquanto seres sexuados.Quando nos referlrmos nestas paginas ao termo amor, fa-lo-emos geralmente para designar esta ultima acepção, e nao, como se faz erroneamente com frequencia, para unicamente ao aspecto sexual.
3. Podemos determinar o que realmente se deve dar quando dois seres humanos se amam
Sem querer entrar a fundo no aspecto filosofico da que poderiamos dizer que a essencia do amor de um ser humano por outro consiste na inclinacao para ele e na intenção de estar de unido a ele. Se a pessoa amada esta ausente, produz o desejo; se encontra presente e é possuida, gera a alegria na esfera psiquica, emocional, e o prazer na esfera corporal ou instintiva.Quando este amor chega a fronteira da sua perfeicao, aquele que ama comporta-se a respeito da pessoa amada como o faz consigo proprio: ama essa pessoa nao porque lhe provoca alegria ou prazer, mas pelo valor que ela tem em si mesma. Nao é um movimento egocentrico e interesseiro, mas uma entrega sacrificada a realizacao do ser amado.Quem ama verdadeiramente busca a uniao com o amado. Aristoteles cita uma frase de Aristofanes segundo a qual os amantes desejam de dois fazer-se um só, como se o amado estivesse na pessoa que ama e esta naquele.A consumacao do amor consiste em viver na pessoa amada mais do que em si mesmo; a pessoa amada é como um outro eu: vive-se dela e para ela; deseja-se ser transformado nela. E o que poderiamos chamar o extase do amor.Nada melhor do que o amor a Deus para expressar este extase transformante. E ninguem melhor do que Sao Joao da Cruz para expressa-lo, designando Deus por "Amado" e a alma por "amada":Ó noite que guiaste! Ó noite mais amavel que a alvorada, Ó noite que juntaste Amado com amada, Amada no Amado transformada.Aqui percebe-se claramente que o amor se funde com a felicidade. O homem deseja amar porque deseja a felicidade, e deseja a felicidade porque deseja o amor. E Deus é amor! (1 JO 4, 8).
4. Que expressao tem essa ideia do amor no que diz respeito especificamente ao amor conjugal?
Ainda que venhamos a responder a esta pergunta de forma extensa ao dedicar-lhe um capitulo inteiro, convem ter presente desde já a doutrina que o Concilio Vaticano II oferece a respeito: "O Senhor, por um dom especial da sua graça, sua caridade, dignou-se purificar, aperfeicoar e elevar este amor [o amor entre os cônjuges]. Tal amor, que junta ao tempo o divino e o humano, conduz os esposos a um mutuo dom de si mesmos, demonstrado na ternura de obras e afetos que penetra toda a sua vida; mais ainda, aperfeiçoa-se e aumenta com o seu generoso exercício. Daí que seja superior a mera inclinacao erotica, que, cuitivada de forma egoista, desaparece rapida e miseravelmente"
5. Em que termos o cristianismo encara o amor?
Em termos da mais alta significacao:1°. Em primeiro lugar, Deus se define como amor. acabamos de ver (1 Jo 4, 8).2°. Depois, a Sagrada Escritura declara que Deus nos criou a sua imagem e semelhanca (cf. Gen 1, 26ss), portanto, nos fez capazes de amor: nao so de amar, mas do seu Amor. Joao Pauço II diz que "Deus chamou o homem a existencia por amor e o chamou ao mesmo tempo ao amor"3°. Assim se entende que, em ultima analise, o Senhor tenha considerado o amor como o mandamento supremo: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao proximo como a nós mesmos.
6. Que significaçao tem a diferenca de sexos para o cristianismo?
A diferenca de sexos foi incluída no plano de Deus no próprio momento da criacao do homem: Deus criou o homem à sua imagem e o criou homem e mulher; e abençoou-os dizendo-lhes: " Procriai e multiplicai-vos e enchei a terra" (Gen 1,27)Não é bom que o homem esteja só; dar-lhe-ei uma auxiliar que lhe seja semelhante [...].Por isso deixará seu pai e sua mãe para unir-se à sua mulher, e serão os dois uma só carne(Gen 2,19-24)
7. Que atitudes errôneas existem a respeito do amor?
Existem muitas atitudes erroneas, que poderiamos sintetizar em duas fundamentais e antagonicas; em cada uma delas poremos enquadrar muitas outras variantes de que lremos falando ao longo destas paginas.A prlmeira é a do hedonista - ou sensual -, cuja principal aspiracao é que o sexo lhe proporcione o maior prazer possivel: a capacidade sexual e para ele, primordialmente, capacidade de prazer; o que justifica aos seus olhos a pratlca sexual e o prazer que lhe causa, e por inao tem que submeter-se a regras nem prestar contas dos seus atos sexuais a ninguem, nem ao proximo nem a Deus: o assunto é pessoal, compete-lhe unicamente a ele. Esta atitude da-se entre os playboys, os "farrçstas", as mo~as "de vida facil", os desquitados ou dlvorciados que vao em busca de novas aventuras, e sempre entre os egoistas irresponsaveis.A segunda atitude erronea é a do puritano, daquele que pensa que o sexo é baixo e feio. É uma atitude lnfeliz, adquirida geralmente na primeira idade, em consequencia de uma educaçao errada ministrada pelos pais e mestres. No desejo de formar os jovens na pureza, incute-se-lhes a ideia de que as partes intlmas, os orgaos sexuais, sao maus e vergonhosos, em vez de lhes ensinar que sao maravllho sos dons de Deus , destinados a unir o homem e a mulher atraves do amor conjugal e a gerar os filhos.
8. Entao qual deve ser a atitude certa em relação ao sexo?
A atitude certa é considerar o sexo uma grandiosa obra de Deus. O sexo é por natureza bom, santo, sagrado. So se torna mau, vil e pecaminoso quando é deslocado para fora do da paternidade potencial e do matrimonio. Como disse padre Leo Trese, autor da Fe explicada: "O poder de procriar e os órgãos genitais nao trazem o estigma do mal; o mal provem da vontade pervertida, que os desvia dos seus fins, que os usa como instrumento de prazer e satisfacao, como um bebado . empanturra de cerveja, sorvendo-a de um calice consagrado para o altar."O exercicio da faculdade de procriar pelos esposos (os unicos a quem cabe esse exercicio) nao é nenhum pecado como tambem nao o é procurar e desfrutar do prazer do conjugal. Pelo contrario, Deus uniu a esse ato um grande prazer fIsico para garantir a perpetuacao da especie humana. Se não surgisse esse impulso de desejo fisico nem houvesse a gratificacao do prazer imediato, os esposos poderiam mostrar-se renitentes em usar essa faculdade dada por Deus, ante a perspectiva de terem que enfrentar as cargas de uma possível paternidade. O mandamento divino: Crescei e multiplicai-vos poderia frustrar-se. Sendo um prazer dado por Deus, desfrutar dele nao é um pecado, mas um bem para o esposo e esposa, sempre que nao se exclua dele, voluntariamente, divino"
9. Se o impulso sexual é algo natural, por que se entao que é necessario tomar cuidado, afastar-se das "tentacoes", lutar contra as "tentacões"? Nao são essas "tentaçoes" simplesmente o resultado de instinto natural que nao deve ser reprimido?
Habitualmente, quando se fala em "tentacoes" não se alude a uma inclinacao para algo puramente natural, mas para um desvio dos fins da natureza. Com frequencia, o prazer sexual pode converter-se para as pessoas numa pedra de tropeco. Deus dotou o homem de uma forte atracao sexual precisamente para incentiva-lo a exercer o poder generativo, como acabamos de ver. Mas, em virtude do pecado original - que introduziu a desordem do egoismo no coracao humano -, o controle perfeito que a razao deveria exercer sobre o corpo e os seus desejos está seriamente debilitado: o veemente impulso da carn - rebelde e desordenado -, a procura do prazer, tende a prescindir dos fins para os quais Deus o destinou- a consumacao do matrimonio -, e assim surge um grave perigo de desvio "anti-humano", uma "tentacao". E é precisamente por isso que se diz que é necessario lutar contra as "tentacoes".
10. Pode-se definir a opiniao da Igreja sobre o sexo?
Repetindo os conceitos anteriores, podemos dizer que, aos olhos de Deus e, portanto, para a Igreja, o sexo e:1°. um dom do Criador que inclina o homem e a mulher a unirem-se atraves do amor conjugal e que permite a perpetuacao da especie humana por meio da relacao sexual;2°. um dom necessario para a formacao da familia, celula base da sociedade, que propicia o ambiente adequado para o crescimento e a educacao dos filhos;3°. um dom, enfim, que e fonte de uniao entre os esposos, de amor e de vida.Por todas estas razoes, e algo extraordinariamente bom, que se deve agradecer a suma bondade de Deus.
11. Podem-se especificar mais amplamente as finalidades do instinto sexual segundo o plano de Deus?
Todos os instintos tem como que duas finalidades, uma imediata e outra mediata ou final. O instinto alimentar. por exemplo, satisfaz primeiro o apetite, o gosto de comer, a fome, mas nao é esta a sua finalidade ultima: a sua finalidade é a preservacao do organismo, a nutricao do nosso corpo. Quando uma pessoa come em excesso unicamente para saisfazer o apetite, o prazer de comer prejudica-lhe a saude e desvirtua a finalidade ultima do instinto. Por isso, a gula é um pecado; nao é pecado por permitir experimentar o prazer da comida - nunca uma coisa é pecado só porque é um prazer, mas por subverter a ordem do instinto alimentar, por o prazer acima da funcao nutritiva.A história da decadência do povo romano diz-nos que era tal a desordem dos seus instintos que, ao lado das salas de jantar, havia um lugar chamado vomitorium, onde se provocava o vomito para depois continuar a comer, coisa que nos repugna profundamente.Pois bem, com o instinto sexual acontece o mesmo. Satisfaz primeiro o apetite, o prazer sexual, depois consegue a união dos coracoes e dos corpos e, por ultimo, a juncao das células masculina e feminina, do espermatozóide com o óvulo. há uma sequencia perfeita. Deus concedeu-nos a atracao sexual para cumprirmos uma nobre finalidade: o amor e, em decorrência o nascimento de uma nova vida humana.A pureza do amor sexual consiste precisamente na sua integridade. Nao se pode separar o aspecto unitivo - a relaçãoafetiva e sexual - do aspecto procriador, como diz a Encíclica Humanae Vitae. Quando se procura apenas o prazer pelo prazer - como, por exemplo, atraves da masturbação, das relações homossexuais, das relacoes conjugais anormais ou daquelas em que se usam anticoncepcionais -, está-se de maneira antinatural.
A relacao sexual nestes casos nao é pecado por provocar prazer, mas por subverter a ordem divina, colocando o acima da funcao procriadora ou desvirtuando-a. Aqui reside tambem uma das causas da decadencia da nossa sociedade consumista e hedonista: procura-se o prazer sexual a custo, provocando o aviltamento do ser humano. As desordem na ordem sexual nao sao menos abjetas do que as dos banquetes orgiasticos da decadencia romana.
12. Podem-se csclarecer melhor as finalidades dessa diferença de sexos segundo o plano criador de Deus?
Como se vê pelos textos citados anteriormente, sao duas:1. A procriacao e educacao dos filhos (Crescei e multiplicai-vos).2. 0 bem dos conjuges, que compreende o amor, a safisfacao sexual, a complementacao das personalidades, a ajuda mutua, etc. (E serao dois numa so carne)
13. Estas finalidades estao separadas?
Nao. Estas finalidades estao unidas. Deus concedeu ao homeem a atracao sexual para que realizasse dentro do matrimonio, os atos de uniao e estes, por sua vez, estivessem abertos à possibilidade de procriação, sem exclui - la, p ortanto , de modo antinatural
14. E possivel explicar mais detalhadamente esta vinculação entre a relacao sexual e a procriaçao?
Sem duvida. Ha muitos dados cientificos que corroboram a vinculação.A sociologia, a psicologia, tanto quanto a genetica, falam-nos do imenso e fortissimo impulso de atraçao entre o homem e a mulher, um impulso amoroso que se plenifica fisica e afetivamente na relacao sexual. E essa relaçao sexual e os seus mecanismos misteriosamente lucidos, inconscientemente sabias, levam a uniao do espermatozóide com o ovulo. A mobilidade, a "agressividade", a vitalidade do espermatozoide é algo que admira os cientistas. Em cada emissao de semen prvocada pelo ato sexual estao contidos de 300 a 400 milhoes deles, que disputam com notavel versatilidade e energia a fecundação do ovulo. Avancam impreterivelmente para a cavidade uterina, atacando o óvulo com uma substancia dissolvente - a hialuronidase - a fim de penetrarem na celula feminina. Só um dentre esses milhoes sai vitorioso.Este esbanjamento de vida, este esforco incrivel da natureza, esta sabia capacidade de penetracao e fecundacao é apenas uma imagem biológica do que significa o amor conjugal. Com a mesma forca inconsciente com que o espermatozóide procura o óvulo, o homem procura conscientemente o amplexo com a mulher.Pois bem, toda a ruptura artificial desse grande encontro representa uma frustracao profunda da natureza. Hoje é fácil ouvir falar de "equilibrio ecologico", de 'preservacação das forcas da natureza", mas é dificil ouvir comentar que a ruptura da sequencia natural do ato conjugal constitui, mais do que "desequilibrio ecológico", um verdadeiro atentado contra o que ha de mais sagrado na natureza: a fonte da própria vida humana.
15. Mas por que se desvincula com tanta frequencia a relacao sexual da fecundacao?
Essa desvinculacao entre a relacao sexual e a sua consequencia natural, que é a fecundacao, deve-se, como é óbvio, ao desejo de fruir do deleite sexual fugindo do seu resultado natural. Pretende-se- como diz o trocadilho classico - o "bonus" e nao 0 "onus". -, Procura-se o prazer e rejeitam-se as responsabilidades inerentes.Ja falamos disto, mas é bom recorda-lo: Deus pos em cada instinto um "incentivo" para que o homem o exercesse com maior gosto, a fim de se cumprirem melhor as suas finalidades; mas, pela desordem introduzida pelo pecado original e pecados pessoais, o homem e a mulher tendem a procurar "incentivo" em si, isto é, a procurar e a multiplicar o prazer pelo prazer, desvirtuando a sua finalidade.O prazer da relacao sexual é um atrativo colocado por para conseguir nao propriamente a conservacao do indivíduo, mas a perpetuacao da especie humana. Quando se tenta alcancar e multiplicar esse prazer excluindo por principio a procriacao, pode-se cair nas maiores depravacoes sexuais.O que une o homem e a mulher - o ato conjugal - deve ter capacidade para unir tambem o espermatozoide e o ovulo. Assim - repetimos com a Humanae Vitae -, "salvaguardando esses dois aspectos essenciais, o unitivo e o procriador, o ato conjugal conserva lntegralmente o sentido do amor mutuo e verdadeiro e a sua ordenacao para a altissima vocacao do homem a paternidade". Esta a razao pela qual todos os metodos anticoncepcionais sao ao mesmo tempo antinaturais.
16. Por que se diz que o ato sexual só se deve realizar dentro do matrimônio?
Porque o matrimonlo é, por definicao, a uniao "de um com uma e para sempre", e é assim a unica instituicao capaz de dar ao amor mutuo e a educacao dos filhos a grandeza, a maturidade e a estabilidade que exigem.Com efeito, o aperfeicoamento, o progresso e o aprofundamento do amor propriamente humano exigem uma continuidade que esta por cima das flutuacoes e mudancas do sentimento ou dos passageiros percalços da vida em comum, e a educaçao dos filhos tambem pede que, pelo menos ate superada a adolescencia, os pals permanecam unidos.
17. Por que só o matrimônio e capaz de dar essa estabilidade?
Porque só o matrimonio traz consigo um compromisso de permanencia, de acordo com as exigenclas da natureza humana e as normas ditadas por Crlsto no Evangelho: Naio separe o homem o que Deus uniu (Mt 19, 3-9).
18. A Igreja manifestou-se de forma explicita nesse sentido?
A Igreja tem repetido essa doutrina de Cristo ao longo de vinte seculos, tal como a vemos resumida na DeclaracaoPersona Humana, da Sagrada Congregaçao para a Doutrina da fé: "O uso da funcao sexual nao tem o seu verdadeiro sentido e a sua retidao moral senao no matrimonio legitimo"- O Novo Catecismo da Igreja Catolica, publicado em 1993 enriquece essa ideia: "A sexualidade esta ordenada para o amor conjugal entre o homem e a mulher. No casamento, a intimidade corporal dos esposos torna-se um sinal e um penhor de comunhao espiritual. Entre os batizados, os vinculos do matrimonio sao santificados pelo sacramento" (n. 2360).
19. Que importancia tem o sexo na personalidade humana?
O sexo desempenha um papel importante na personalidade humana. Nao se limita a diferente configuracao dos orgãos genitais masculino e feminino, mas estende-se a toda a personalidade: nao ha uma so celula no organismo humano que seja masculina ou feminina; nao ha um unico gesto, atitude ou sentimento que nao seja masculino ou feminino.Essa diferenciacao abrange, pois, todo o modo de pensar de amar e de agir: a psicologia inteira. Dai a importancia sexo na personalidade humana.
20. Com base nessa importancia, alguns sustentam como Freud, que o sexo é o fator mais importante personalidade humana e que tudo deve ser interpretado atraves desse prisma. Por acaso isso e verdade?
A teoria 'pansexualista" (tudo e sexo) ja foi cientificamente ultrapassada e hoje, nos meios autenticamente cientificos esta "enterrada". Essa ''inflamaçao'' do sexo, como a denominava Jung, principal discipulo de Freud, deforma a personalidade humana.Esta nao pode ser interpretada unicamente - nem principalmente - com base nessa perspectiva. Como afirmava tambem Jung, partir de semelhante perspectiva seria o mesmo que pretender estudar a catedral de Colônia com base apenas na mineralogia, ja que esse monumento foi construido com pedras. Todo o ser humano esta constituido sexualmente, mas é muito mais do que sexo, como uma catedral e muito mais do que pedra.Ha no ser humano uma dignidade, uma grandeza que supera a carne, as glandulas e os hormônios. A nossa personalidade nao esta condicionada pelos instintos, como acontece com os animais. O homem nao pode ser equiparado a um cachorro e a mulher a uma cadela. No homem, ha uma dimensao racional e espiritual que ultrapassa qualquer reducionismo material, somatico ou sexual.A fenomenologia e a analise existencial puseram de manifesto quanto havia de dogmatismo e erro crasso na teoria freudiana. Assim o explicitaram filosofos como Bergson, Husserl, Max Scheler, Gabriel Marcel, Merleau-Ponty e psiquiatras de linhas variadas como Kretschmer, Von Gebsattel, Allers, Frankl, Binswanger e Boss.

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